quarta-feira, 14 de novembro de 2012

VAI SAIR ASNEIRA


VAI SAIR ASNEIRA

Como se vai esgotando o léxico disponível para arranjar motivos para nos irem ao fardamento alguém se lembrou agora que era necessário refundar o Estado. Em primeiro lugar é necessário saber se se trata do Estado Portugal ou se do Estado de Portugal. Depois não se sabe se o verbo empregue significa  tornar mais fundo aquilo que já o é ou  se, num sentido mais tropo, quer dizer que temos que refazer (talvez corrigir) aquilo que o nosso D. Afonso Henriques fez e que lhe valeu aquela alcunha que eu aprendi a respeitar na escola primária.

Vai daí, toca a diminuir o número de Juntas de Freguesia! Para diminuir os gastos. Dizem.

Por agregação sem que as freguesias se extingam!!!! Também dizem!

Há quem argumente que a oposição a esta reforma é o comodismo de quem não quer que se faça algo. Ora este, tanto generoso como falso generalismo, não tem que conduzir necessariamente ao triunfo da asneira.

Depois não acredito que se vá poupar grande coisa!

- Na junção das freguesias A, B e C onde vai ser a capital?
- Como vai ser isso decidido?
- Vão passar para lá todos os arquivos e administrativos?
- Vão construir uma nova sede para o mega executivo?
- Vai ser na B que fica a meio?
- Terão então as pessoas de A e C de se deslocar a B para tratar do atestado de    residência?

Responderão que tudo fica na mesma. Nos mesmos edifícios com os mesmos serviços. Assim sendo teremos um mega executivo itinerante que se deslocará de freguesia em freguesia  para despachar.
- E vão fazê-lo de graça?
– Vão andar a pé ou apresentam a conta da gasolina?  Perguntarei eu a quem defende  que esta reforma será para poupar dinheiro aos contribuintes.

- Quem serão os candidatos a ter o triplo de trabalho a troco do mesmo dinheiro???
- Como vão ser as reuniões de Junta e de  Assembleia?
- Vai tudo a correr para a capital B?
- Vai haver assembleias sectoriais?
- Não irão ser criadas mega Autarquias afastando os centros de decisão e apoio administrativo das pessoas e do terreno?
 – Quando tanto se fala em regionalização e descentralização?
- Vai haver um orçamento único A+B+C em que os rendimentos da Freguesia A vão ser    compartilhados por quem nunca teve direito a eles sejam da B e/ou da C?
- Vai haver orçamentos um para cada freguesia A, B e C?
- Quando houver um conflito de interesses entre a Freguesia A e B quem, como e    porque vias vai patrocinar a queixosa?
– A Mega Autarquia A+B+C  que representa    também a freguesia demandada?

Querem criar monopólios em cima de  uma mixórdia  daquilo que é diverso. Arquétipos e idiossincrasias que vêm de tempos anteriores à nacionalidade e que foram o fermento da mesma.

Falam na tal massa critica, consequente à agregação, que permitirá mais isto mais aquilo. Ora essa massa crítica já existe mesmo sem agregação. E tem um enquadramento e uma superintendência que é o Órgão Municipal. Dito por outras palavras; nada haverá que possa ser feito dentro e por efeito  da tal  agregação que não possa ser feito sem ela.

É proposto agora que Areosa se agregue a Monserrate, Santa Maria Maior e Meadela!

Acontece que Areosa nasceu atlântica sem nada a ver com a Vianna ribeirinha que lhe é posterior no tempo. Na criação da Villa foi incumbida Areosa de fornecer a Vianna  produtos agrícolas e de esgotar as fossas da ribeira. Remanesceu até há bem pouco tempo o direito ancestral que o Zé do Reguinho tinha de ir apascentar as vacas para o Campo do Castelo. Tivemos que pagar foro. Tivemos que aguentar com o betão e cimento armado na campina até Camboelas.

Areosa atlântica e rural tem mais a ver com Carrêço e com Afife, por sê-lo, que com as ribeirinhas Monserrate e Santa Maria Maior. Talvez a Meadela tenha mais afinidades com estas. Mas isso é uma questão  dos da Meadela. Um dia destes da ruralidade da Meadela teremos apenas a visão  do faz de conta das lavradeiras em parada da Senhora d’Agonia para turista ver. O resto serão urbanizações da quinta disto ou daquilo!

Acontece que Areosa é ainda e ainda bem, predominantemente rural. A sua área urbana ocupa somente  um quinto  da sua área total. A sua veiga, apesar de mutilada a sul, continua a ser o seu Ex-libris. E reparem que foi e está integrada num Perímetro de Emparcelamento com as veigas de Carrêço e Afife. Que eu saiba ou note não emparcelaram a veiga de Areosa, nem com as leiras de Abelheira que restaram (as quintas já foram à vida), nem com o Campo da Penha, nem com o Campo do Forno, nem com a tapada dos Mártires das Ursulinas. Tanto menos que, roubada esta aos cregos, por uma paleo-versão da POLIS no fim do século dezanove ( versão liberal/tardio ou pré-republicana, como queiram), já desde então foi condenada ao loteamento e à cantaria.

É Santa Maria de Vinha anterior, como a Meadela, à criação da Villa de Vianna. O Bolonhês, no foral da Villa, deixou-as de fora, não por acaso. Areosa ainda e ainda bem, predominantemente rural será absorvida pela urbe, pelo burgo, pela pobra de que nunca fez parte. Os da Meadela talvez não se importem!

Acaba-se com a independência, autonomia, com a alma de Freguesias mais antigas que a nacionalidade.

Areosa mutilada e espoliada nos últimos duzentos anos irá desaparecer definitivamente.

- Quem sairá vencedor nas eleições para a novel mega Autarquia senão aqueles que     beneficiem do maior peso eleitoral das freguesias Santa Maria Maior e Monserrate?
Ou seja os de Areosa correm o risco de  serem arredados do seu espólio tanto histórico como documental e mesmo patrimonial. Assim como do controlo e usufruto dos seus rendimentos.

- Querem agregar?
Agreguem Santa Maria Maior e Monserrate já que em tempos foram uma e só coisa! Não chateiem os vizinhos nem criem conflitos artificiais.

Aparecem agora duas propostas. Uma agrega Areosa e a Meadela a Viana deixando independentes Barroselas e Carvoeiro. Numa segunda versão Areosa fica independente mas obriga à agregação de Barroselas a Carvoeiro. Esperneando os de Areosa dirão os de Carvoeiro e Barroselas
.– O que é que temos a ver com isso?
E Vice Versa.
Ou seja; tanto direito têm uns como os outros de se defenderem sem que haja necessidade desse fratricídio. Ou seja, a proposta também é uma maneira absurda  de nos porem uns contra os outros. 

Querem alterar valores históricos por via administrativa!

 - Por que é que defendendo menos estado, os seus representantes querem impor uma   divisão a régua e esquadro cozinhada nos gabinetes em Lisboa?

- Por que é que não deixam as comunidades fluir normalmente no tempo?

- Por que não aprovam uma lei quadro de união de Freguesias e que se juntassem as que    muito bem isso democraticamente decidissem?

- Porque é que não entregam a gestão das Freguesias a entidades não pagas?

Vão aqui à vizinha Galiza para ver como é. Não há Juntas de Freguesia mas no entanto e apesar disso é respeitada a identidade e independência das paróquias

Voltemos à refundação. Por este andar,  e no limite, no tal refundar o que o Fundador fundou, os nossos governantes irão propor  que se rasgue o tratado de Zamora e o de Alcanizes e decretar a agregação de Portugal à Espanha, tendo em conta que, na mesma linha de raciocínio, pouparíamos dinheiro nessa agregação. E como os Espanhóis gastam menos com a Reinação que nós com a Presidência, para poupar ainda mais,  seria a monarquia a comandar as tropas com o João Carlos à frente. Este tem já uma vantagem em relação aos Filipes – fala português sem sotaque!
Pelas ruas de amargura ficaria o nosso Duarte de Bragança, mas sempre poderia orgulhar-se de ser primo afastado do Rei de Portugal.

CONCLUSÃO
Contam os de Afife que numa reunião anual do Casino em que estava presente o Engraciano, um outro associado pediu a palavra ao Presidente da Mesa. Conhecendo a estirpe logo o Engraciano se adiantou à intervenção do dito outro para proclamar em tom enfático a arrastado
- Vai sair asneira!
É evidente que a coisa deu para rir devagarinho por conhecimento de todos daquilo que o Engraciano era capaz e ao mesmo tempo por respeito ao dito outro associado. Mas o melhor estava para vir. O tal associado fez a sua intervenção, defendeu os seus pontos de vista e acabou tenho dito. Mal acabou ouviu-se o Engraciano!
- Eu não lhes disse!!!

Estou na mesma.
Quanto à criação de mega confrarias de fregueses, vai sair asneira!
Não digam depois que não os avisei!

LOPESDAREOSA

2 comentários:

  1. Saiu mesmo asneira amigo Lopesdareosa , o senhor tinha razão cada dia que passa sem que se proceda a reversão mais enterram as nossas freguesias , ainda estão a avaliar o processo ...."dizem " ...

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    1. Sr. Firmino Oliveira. Com os meus agradecimentos pelas suas palavras!
      O Lopes de Areosa ( de Viana do Castelo) que tem existência real ( Meu nome completo António Alves Barros Lopes) quase viu a sua aldeia fu(n)dida com as freguesias da cidade. Livrou-se disso porque, em vez, juntaram Barroselas a Carvoeiro. Portugal é um país eminentemente rural governado por sulistas, elitistas, liberais de mentalidade burguesa. E a mim,labrego de nascença, de formação e por opção, quiseram fazer-me urbano por decreto!
      - E diziam mal dos soviets!
      Lopesdareosa também conhecido por Tone do Moleiro Novo

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