quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A MINHA NAI

Carminda Alves Peixe

- A minha vida dava um romance. Fiz de tudo. De esposa, de mãe, de irmã, de    avó.  Sei   lá! O que eu passei! Se eu soubesse escrevia um livro!

Quem disse estas frases corriqueiras foi a minha mãe numa tarde de Domingo.
E olhei para aquela lavradeira de oitenta anos com a quarta classe e em quem nunca reparei verdadeiramente.
E empenhei uns instantes a olhar para aquela mulher. Realmente nunca reparei nela deveras. Na minha vida, tendo-a até hoje visto todos os dias, passa como entendo serem os anjos da guarda - existem mas não se dá por ela!
Não precisaria de saber ler ou de escrever.
O Seu Livro já estava escrito no meu coração! Nunca será publicado.
Na fotografia a Carminda do Moleiro Novo, por volta de 1939, com o seu fato novo no ano em que foi mordoma nas Festas de Vinha. O portão ainda existe. É o portão da então Quinta da Nena que depois passou a Albergue e que agora é pertença da APPACDM. Por detrás e dentro no meio do jardim, existia uma cascata com um rapaz em barro a arrebitar para a taça e a que eu achava muita graça.
O fato foi-lhe oferecido pela minha avó Rosa, sua mãe. A saia e o avental foram feitos por uma tecedeira de Perre chamada a FELIZQUENTA. A Algibeira o Colete e a Camisa foram feitos pela Palmira do Valença. Os lenços e a Bolsa foram comprados numa casa chamada A LAVRADEIRA em frente ao rio e ao lado do Depósito das Fazendas.
Um detalhe aos Folcloristas e a outros entendidos.Reparem na bolsa que minha mãe usava na mão direita. Não era nenhuma invenção para turista ver. Era moda de então. Era mesmo assim!

1 comentário:

  1. Assim eram naquela época ,os usos e costumes das mulheres do minho. Sou desse tempo oidentificome completamente co o que vejo e com o que leio.

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